AFRO PRESENÇA - Inclusão Racial De Jovens Negras E Negros Universitários No Mundo Do Trabalho

OBJETIVO

O Afro Presença - Inclusão Racial de Jovens Negras e Negros Universitários no Mundo do Trabalho é um encontro virtual, que teve sua primeira edição em 2020, entre os dias 30 de setembro, 01 e 02 de outubro, das 9h às 21h, concebido a partir das diretrizes e estratégias do Projeto Nacional de Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho do MPT, sendo este resultante da Política Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade de Ministério Público do Trabalho, instituída por meio da Portaria PGT 1220/2018, com a finalidade de estabelecer princípios, diretrizes e ações que favoreçam, assegurem e promovam a equidade de gênero, raça e diversidade a todas as pessoas no âmbito da instituição e sua rede de relacionamentos.

O Projeto Nacional de Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho, por sua vez, busca promover a inclusão da população negra no mercado de trabalho, preferencialmente de jovens negras e negros egressos do sistema de cotas raciais, universitários negros e negras beneficiários de bolsas ou programas sociais de acesso ou permanência na universidade e estudantes negros e negras universitários da graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado, via estágio, aprendizagem e contrato de trabalho por prazo indeterminado, nas áreas da advocacia, da publicidade e empresarial, com a finalidade de ampliar a sua inclusão, permanência e ascensão no mercado de trabalho, intensificando a qualificação e a capacitação deste público alvo, capacitação de profissionais dos departamentos de recursos humanos e gestores sobre igualdade étnico-racial, bem como a conscientização da sociedade.

Partindo de tais elementos constitutivos e, para que haja a superação do racismo estrutural e o reconhecimento justo da participação da população negra no seio da sociedade brasileira, especialmente no mundo do trabalho em condições de igualdade de oportunidades e pautada no respeito às diferenças e à diversidade em sentido amplo, o MPT-SP, através da Coordigualdade Regional, em parceria com a Rede Brasil do Pacto Global/ ONU, buscou conectar o poder público, setor privado, organizações nacionais, internacionais e sociedade civil, para discutir e promover a inclusão racial de jovens negras e negros universitários no mercado do trabalho, de modo a reduzir as desigualdades raciais no campo econômico, social, político e cultural, especialmente, quando se considera o conjunto valorativo atribuído ao trabalho pela Magna Carta, sendo este instrumento propulsor da cidadania e da dignidade da pessoa humana, elementos basilares do Estado Democrático de Direito.

À propósito, ainda que a Constituição Federal de 1988 conceba a igualdade e a não-discriminação como princípios norteadores das relações sociais e, somado a isso, o fato de que a sociedade brasileira é marcada pelo multiculturalismo e pela plurietnicidade, no entanto, verifica-se que passados 133 anos da abolição do sistema escravagista, o negro no Brasil, principalmente a juventude negra, permanece sob o manto da invisibilidade, sendo vítima dos mais variados indicadores sociais; pobreza, informalidade, desemprego, violência, analfabetismo, baixa remuneração, entre outros indicadores, contrapondo com os valores fundantes do Estado brasileiro quanto à construção de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Diante dessa ausência de efetivação da igualdade de oportunidades para a população negra, sobretudo no mercado de trabalho formal, que o projeto Afro Presença Inclusão Racial de Jovens Negras e Negros Universitários no Mundo do Trabalho foi pensado, justificando, para tanto, a sua concepção com o lema “Estar presente é mais do que apenas comparecer a um lugar.

Aqui, defendemos que a juventude negra tenha um papel de destaque e com voz ativa dentro das empresas.” Realizado de forma virtual e gratuito, para promover mais oportunidades de emprego para jovens negras e negros universitários, o encontro Afro Presença apresentou uma programação bem diversificada, que inclui a realização de oficinas de recursos humanos, painéis com abordagem sobre problemáticas em torno da questão racial, sobretudo, no mercado de trabalho, atividades artísticas, canal aberto com as empresas apoiadoras, por meio de stands virtuais, além de oportunidades de trabalho para o público alvo, onde foram ofertadas cinco mil vagas de emprego.

O conteúdo programático foi dividido em três grandes pilares: “Sociedade em Debate”, “Mercado em Debate” e “Carreira em Debate”, com transmissão simultânea durante os três dias de evento pela plataforma Hubilo. O eixo “Sociedade em Debate”, apresentou painéis versando sobre a problemática racial brasileira que aflige a população negra com uma conexão direta também ao mercado de trabalho e sua representatividade.

Neste pilar, foram debatidos temas como o Racismo Estrutural Empresarial; Por onde as empresas podem começar na luta antirracista; Universidade e inclusão; A importância dos números na luta antirracista; Como a comunidade negra pode ocupar cargos de liderança nas empresas; na ocasião, os convidados, ocupantes de cargos de gerência, puderam compartilhar suas vivências no mercado de trabalho altamente competitivo; Racismo e Violência do povo negro; ODS sob a perspectiva negra; Movimentos sociais antirracistas; Estética como Identidade; A importância do recorte de gênero na luta antirracista; “Políticas de ações afirmativas; QI: Educação corporativa e Relacionamento Como Ferramentas para Inclusão; Racismo no Futebol; Organizações Internacionais na luta antirracista; LGBTQIA+ sob a perspectiva negra. O pilar Sociedade em Debate, além de ser transmitido pela plataforma oficial do evento também foi transmitido pelo canal do portal UOL no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCVFbXI6Gu8U2f9Gjtxw4A-Q), o qual possui mais de 1 milhão de inscritos.

O pilar “Mercado em Debate”, por sua vez, trouxe para o centro dos debates questões que envolvem a representatividade de profissionais negras e negros no mercado de trabalho brasileiro em suas diversas áreas de atuação, em especial, nos setores de comunicação, jornalismo, marketing, esportes, engenharia, arquitetura, ciências, advocacia, turismo, gastronomia, advocacia, mercado de luxo, saúde, agronegócio, farmácia e tecnologia, entre outros setores da economia, cuja representatividade étnico-racial ainda é deficitária. Ainda foi discutido sobre a questão da inclusão de pessoas negras com deficiência no mercado de trabalho, cujo impacto é muito maior quando comparada à inclusão da pessoa branca com deficiência.

Outro ponto debatido diz respeito ao papel desempenhado pelo RH na promoção da inclusão étnico racial dentro das empresas e na luta por uma racialização da formação de gerir pessoas, sobretudo quando considerada a porcentagem de 82,6% de brasileiros negros que afirmam que a cor da pele influencia nas oportunidades de trabalho, conforme revelou pesquisa do IBGE. O pilar Carreira em Debate possibilitou 28 horas de capacitações, versando sobre dicas e ferramentas essenciais para o desenvolvimento e progresso dos candidatos no mercado de trabalho. O contexto pandêmico da COVID-19 também foi pauta de debate, o público foi informado acerca de alguns fatores que têm impactado mais na vida da população negra, em especial, quando se trata de empregabilidade das pessoas negras. Ainda foi realizada oficina sobre “Letramento racial: termos e expressões racistas”. Outro ponto de destaque está atrelado à “Política de cotas na educação: avanços nas transformações sociais no Brasil”, um importante marco institucional da sociedade brasileira, que em 2022 passará por um processo de revisão (Lei n° 12.711, Lei de Cotas Raciais).

Com isso, o debate enfocou os dez anos de ganhos trazidos para uma geração de estudantes negras e negros ingressa nos espaços universitários; formação qualificada e inserção no mercado de trabalho. Em outro momento foi discutido a importância da participação de jovens negras e negros universitários no espaço acadêmico realidade brasileira e possibilidades de conexão desses jovens com outros de universidades estrangeiras. Também foram elementos de discussão a questão Ambiental, Social e Governança e Gestão de Pessoas. E fechando a programação, a oficina “Seu dinheiro, suas escolhas: como conquistar a liberdade financeira”, encontro promovido pelo SOMAMOS – Rede De Inclusão pela Diversidade, que tem como pilar essencial a promoção da Educação Financeira.

Por fim, os capacitados ainda tiveram acesso a uma ferramenta para descobrir seu perfil financeiro. No mais, os painéis dos pilares Sociedade em Debate e Mercado em Debate, em regra, foram integrados por 5 painelistas, um mediador e os demais debatedores, além de observado o recorte de gênero e raça em sua composição. Com essa estruturação, encontro virtual Afro Presença contou com a participação de mais de 80 empresas, 270 palestrantes, entre procuradoras e procuradores do trabalho, CEO’s de empresas, Bolsa de Valores e agências de publicidade, juristas, reiteres de universidades, professores, jornalistas, artistas, poetas, escritores, organismos internacionais, mídias impressas e digitais, representantes de emissoras de TV e das maiores plataformas digitais do país, universitários, profissionais de áreas diversas e movimentos negros.

O encontro ainda foi agraciado com as participações ilustres do Ministro José Antônio Dias Toffoli, à época Presidente do Supremo Tribunal Federal; Alberto Bastos Balazeiro, Procurador Geral do Trabalho; Paulo Dimas Mascaretti, Secretário estadual da Secretaria da Justiça e Cidadania/SP; Elisa Lucas Rodrigues, Secretária executiva adjunta na Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e Rodolfo Sirol, presidente da Rede Brasil do Pacto Global. O êxito alcançado decorreu do engajamento e da conjugação de esforços dos diversos parceiros e apoiadores, aproximadamente 90 organizações parceiras, sendo 32 empresas patrocinadoras. A iniciativa teve 36 horas de duração, 72 horas de conteúdo e público de 35.755 pessoas.

Foram 28 horas de capacitações e 7.500 jovens negras e negros universitários capacitados. Foram 78 universidades e 28 professores envolvidos na execução do projeto e 650 mil universitários impactados. Na ocasião, foram ofertadas cinco mil vagas de emprego; 1000 bolsas de inglês, além de 2 mil acessos de dados para internet, cada acesso com 34 gigas, por 6 meses, para serem doados ao público alvo em situação de maior vulnerabilidade social, principalmente quando considerado os adventos do contexto pandêmico da COVID-19.

 

UNIDADE

Ministério Público do Trabalho/SP

 

RESPONSÁVEIS

Valdirene Silva de Assis - Procuradora do Trabalho ( valdirene.assis@mpt.mp.br)

 

RESULTADOS ESPERADOS E ALCANÇADOS